"O crescimento económico em África deverá continuar modesto, travado pelo abrandamento económico global, aperto na política monetária e nas condições orçamentais, e uma degradação da situação da sustentabilidade da dívida", lê-se no relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspectivas (WESP, na sigla em inglês), citado ontem pela Lusa.
No ano passado, o crescimento do continente africano foi de 3,3%, com muitas economias a enfrentarem aumentos da inflação, principalmente devido à subida dos preços dos combustíveis e dos alimentos, com muitas a passarem também por desvalorizações das moedas devido à redução das exportações e a uma limitada injecção de capitais externos.
"Apesar destes desafios, a economia africana deverá crescer 4,2% em 2025", diz o UNDESA no relatório que aponta o aumento da dívida pública face ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e os "exorbitantes custos de endividamento" com um "significativo entrave às perspectivas de crescimento".
As últimas estimativas apontam para que 18 países africanos tenham um rácio de dívida face ao PIB acima dos 70% em 2023, com muitos deles em situação de sobre-endividamento, que encarece o acesso e o custo do financiamento externo e torna o financiamento do desenvolvimento "um desafio aterrador", já que o custo de os países africanos acederem aos mercados internacionais chega a ser quatro vezes superior ao custo para os países desenvolvidos.
No documento nota-se ainda que um desempenho fraco no comércio, os impactos das alterações climáticas e a instabilidade geopolítica também ensombram as perspectivas no continente, que tem um défice de financiamento climático de cerca de 120 mil milhões de dólares (110 mil milhões de euros) por ano, recebendo apenas 2% do fluxo de financiamento mundial para projectos de energia verde. A nível mundial, o UNDESA prevê que o crescimento económico mundial abrande, de uma estimativa de 2,7%, em 2023, para 2,4% este ano, "tendendo a ficar abaixo da taxa de crescimento pré-pandemia de 3%".
"O crescimento do PIB do ano passado, mais forte do que o previsto, ocultou riscos a curto prazo e vulnerabilidades estruturais", lê-se no relatório, que assume apresentar "perspectivas económicas sombrias para o curto prazo", sustentadas na "persistência de taxas de juro elevadas, uma nova escalada de conflitos, a lentidão do comércio internacional e o aumento das catástrofes climáticas", que colocam desafios significativos ao crescimento mundial.