22 de novembro de 2024
Internacional

Ex-Presidente Zuma acusado de provocar instabilidade na África do sul

- 15 de janeiro de 2024, publicado porAlbertina Gouveia
Ex-Presidente Zuma acusado de provocar instabilidade na África do sul

"Zuma está a agir como alguém que é contra-revolucionário", afirmou à imprensa local o secretário-geral do SACP, Solly Mapaila, sublinhando que o ex-Chefe de Estado sul-africano "desrespeitou as raízes do antigo movimento de libertação ao usar o braço armado para mostrar a sua desaprovação pela actual liderança do Congresso Nacional Africano", presidido por Cyril Ramaphosa, que é também Presidente da República.

"O que Zuma empreendeu, nomeadamente ao mobilizar antigos combatentes do Mkhonto weSizwe (MK) ["A Lança da Nação", em isiZulu, nome do braço armado do ANC (1961-1994)], é um acto contrarrevolucionário, devemos dizer o que é, não há nada além disso, e Zuma deve parar de perturbar a governação", frisou, citado pela BBC.

Jacob Zuma, 81 anos, envolvido em vários escândalos de corrupção, incluindo um caso de alegado suborno na Justiça com mais de 20 anos, envolvendo o fabricante de armamento francês Thales, não saiu do partido, mas anunciou no mês passado que não votaria pelo ANC, apelando ao voto num pequeno partido radical recentemente registado de nome Umkhonto We Sizwe (MK).

O dirigente comunista sul-africano declarou ainda à imprensa sul-africana que o SACP, o principal aliado do ANC na aliança governativa juntamente com a confederação sindical COSATU, se "arrependia de ter apoiado a candidatura de Zuma à presidência da República da África do Sul". Na óptica de Solly Mapaila, o ex-Presidente sul-africano e antigo líder do ANC foi "pioneiro na captura do Estado [nome dado localmente à grande corrupção pública] e permitiu que políticos corruptos se infiltrassem em entidades governamentais".

Dissidências no partido no poder

Segundo analistas políticos sul-africanos, as novas alianças dessidentes do partido ANC, no poder há cerca de 30 anos na África do Sul, demonstram a existência de "divisões profundas" no seio do partido do líder histórico Nelson Mandela, que enfrenta nos últimos anos acusações de corrupção desenfreada, elevados níveis de crime organizado no país, desemprego e a quase falência das empresas públicas.

O desempenho eleitoral do ANC nas eleições gerais tem vindo a diminuir desde as primeiras eleições multirraciais e democráticas em 1994. O eleitorado, nomeadamente a maioria negra, afastou-se cada vez mais do partido no poder desde o fim do anterior regime de 'apartheid', em 1994.

O sistema segregacionista do 'apartheid' na África do Sul foi desmantelado através de negociações bilaterais e multipartidárias realizadas entre 1990 e 1993, que culminaram na assinatura de um Acordo Nacional de Paz, em 1991, e no estabelecimento da Convenção Multipartidária para uma África do Sul Democrática (CODESA, na sigla em inglês).? A África do Sul, que é considerada a economia mais desenvolvida do continente, tem actualmente uma taxa de desemprego superior a 32%, tendo sido classificada como o país mais desigual do mundo pelo Banco Mundial.

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