A corrida foi renhida, mas não tão renhida quanto as sondagens chegaram a prever. Ao longo da madrugada desta quarta-feira, o ex-presidente foi conquistando vários dos seis Estados-chave onde tinha perdido para Joe Biden em 2020, a par da Carolina do Norte, o único dos sete decisivos onde o ainda presidente democrata perdeu para Trump há quatro anos.
A tal ponto Trump foi somando e seguindo que, por volta das 06:30 da manhã (hora de Lisboa), parecia seguro que, se conquistasse a Pensilvânia, seria o vencedor – já perto das 07:00, a Fox News foi a primeira a conceder-lhe esse Estado, o mais decisivo de todos, e minutos depois das 07:00, quase todos antecipavam a sua vitória naquele Estado – com Mike Johnson, líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, a anunciar o “presidente eleito Donald Trump”. Mas foi pelo Wisconsin que chegou a proclamação da vitória, pelas 10:30 de Lisboa, precisamente o Estado que o colocou no topo quando ganhou em 2016: Trump recuperou este Estado (que Biden ganhou por curtíssima margem em 2020) e somou também os dez votos eleitorais em disputa, ultrapassando os 270 necessários para garantir a presidência (277, neste momento).
Mesmo ainda sem a totalidade dos votos apurada noutros Estados decisivos, estava ultrapassada a fasquia de 270 votos no Colégio Eleitoral para vencer – e anuladas as contas que chegaram a ser feitas para um potencial volte-face de Kamala Harris nas horas ou dias vindouros. “É uma vitória esmagadora em todas as frentes”, declarou o ex-presidente no púlpito da sua sede de campanha, na Florida, pelas 07:30 em Lisboa. "Vamos ajudar a sarar este país."
Em 2020, também foi rápido a clamar vitória, demasiado rápido, viria a provar-se, considerando que quatro dias depois da ida às urnas as contagens finais deram a vitória a Biden por uma curta margem – mas, em 2020, o mapa ao longo da noite eleitoral foi sendo pintado de uma forma bem diferente. Desta vez, Trump estava certo: não foram precisos dias nem sequer muitas horas após as últimas urnas fecharem para se fecharem também as contas do Colégio Eleitoral e se confirmar o retorno do empresário tornado político à Casa Branca, o mesmo que surpreendeu meio mundo com a sua primeira vitória em 2016.
É a primeira vez desde o final do século XIX que um presidente conquista um segundo mandato não consecutivo – não acontecia desde Grover Cleveland. E esse não foi o único recorde que Trump bateu nestas eleições: segundo as contagens provisórias, terá sido o primeiro republicano em 36 anos a vencer em Miami-Dade, um condado consistentemente democrata do seu Estado-natal. Sendo um Estado de tendência republicana, é de notar como a Florida se apresentou bem cedo na contagem de votos como prova de fogo do que viria a acontecer um pouco por toda a América: uma viragem total à direita (no caso floridiano, Trump derrotou Biden com uma vantagem de três pontos percentuais – quatro anos depois, a vantagem terá rondado os 13%.)